sábado, 25 de abril de 2009

Encontro do GestarII de 02 a 06 de março de 2002 em Salvador

Nosso encontro foi muito importante. A cumplicidade partilhada sobre nossas angústias mostra que juntos, estado e município, encontraremos uma solução na melhoraria de um trabalho digno de nosso orgulho.

Sobre o Gesta, fico feliz que nosso encontro tenha provocado inquietações entre os participantes, porque educar é acima de tudo aprender a aprender.E preciso rever-se, rever a vida, as práticas e a própria história de vida se queremos modificar o contexto no qual estamos inseridos.

O próprio movimento de deslocamento, ir até a capital onde aconteceu o encontro, representa que somos profissionais competentes, preocupados e conscientes de que devemos estar em permanente aprendizagem e adaptando-se ao novo, o que é fato na Formação Continuada do professor em serviço ou seja, o próprio Gestar.

Então, vamos oferecer o melhor e possibilitar que na base da formação dos nossos alunos possamos fazer a diferença e registrar um novo marco em sua escolaridade.

Albergaria literaria da Rose

Assim como a meio caminho entre o céu e a terra moram as bruxas e assim como fadas, magos e duendes moram nas florestas, moro tão protegida por serras, especialmente pelos contrafortes da serra do Espinhaço e a serra do Gado Bravo, que o horizonte não me é possível ser visualizado.
A literatura, ela é quem tem me possibilitado teimar e deslocar-me nesse horizonte impossível... Acostumei assim, a exercer o que aprendi com Rubem Alves: "polimórficos gozos literários". Tudo começou com os contos de fadas. Mas precisamente "A Bela Adormecida" foi quem me fez sonhar, e, emprestando da Alice Ruiz, dentro do meu sono, meu corpo se descobriu sem dono. Na minha adolescência, Titú, uma tia fascinada por livros e que declamava poesias como quem mexe um caldeirão de palavras, foi quem me apresentou a Érico Veríssimo, José Mauro de Vasconselos, Zélia Gattai, Exuperry, Gibran, Hermann Hesse, Jorge Amado...E enquanto a escola me aborrecia com o fastidium literário, foi com o amigo Keu, que saboreei um outro estilo de leitura tais como, romances espíritas, fotonovelas da revista Capricho, gibis do tio Patinhas, filmes no, hoje extinto Cine São José, e, na televisão, ainda em preto e branco, devaneava-me com Alain Delon, Débora Kerr, Romy Schneider, Sphia Loren, Warren Beaty, Marlon Brando, Tyrone Power, Jhon Weiner, Anthony Quinn, Julie Christie... Aí veio o grupo de jovens e o grupo de jovens irreverentemente me apresentou Cecília Meireles, Paulo Freire, Carlos Castanêda, Karl Max, Geroge Orwel, Máximo Gorki, Antônio Callado, Ariano Suassuna,...ouvia Mercedes Sosa, Joan Baez, Quinteto Violado, Milton Nascimento, Geraldo Vandré...Chegou a Universidade, e eu já inquietamente endurecida “...sin perder la ternura jamás”, desnudei-me agora com Foucault, Deleuze e Guatarry, Goethy, Authusser, Sócrates e Platão, Nietzsche ( o preferido), Henfil, Walt Disney, Quino... E hoje todos eles existem em mim. É em suas companhias que estou sempre a tomar um "aperitivo" em meu albergue literário onde moram muitos dentro de mim. Guimarães Rosa, Chico Buarque, Garcia Marques, Rubem Alves, Barthes, São Francisco de Assis, Fernando Pessoa, Adélia Prado, Leminski, Hilda Hilsti, Thomas Mann, Albert Camus, Markus Zusak, Mário Quintana... ele, o preferido de todos que é o meu Manoel de Barros, o poeta das coisas desimportantes. Mas, nenhum como Jesus, o próprio amor.

Alguns moradores de meu albergue



Alguns moradores de meu albergue





sexta-feira, 24 de abril de 2009

Endereço para acessar o Curriculo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7416522716472668

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Quem sou?

Desde os tempos antigos até os experimentos da vanguarda, sou um real que não é representável. Através da literatura, procuro palavras, antíteses que me congracem. E o real, se não me for representável - seja ao menos demonstrável.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

BRINCAR DE DESLER AMANHECENDO


Começo citando o trecho de um dos livros que li, pois meus aliados teóricos me alucinam num constante bombardeio, uma possessão que me deixa em crise. Onde encontrar a mim mesmo? o que digo de mim para consigo se fico ardendo de restos? nem citei ainda o tal livro e já sou assaltada pela “ imagem” da Graúna, pássaro esperto do Henfil, e suas asas que são milhares de livros. Bem que seria mais cômodo ser Emílio pra ter Rousseau como mestre opondo restrições às minhas leituras.

A elas atribuo os desastres sentimentais de minha vida, foucaulteanamente falando eu não sou o dentro que se faz de fora?

Perco-me. Agora é Paulo Freire, desejo cometer o mesmo pecado que ele, ensinar a ler e ao mesmo tempo pensar no que leu. Penso, e como meu amigo Fernando Pessoa “fico doente dos olhos”, que desenvolvendo um trabalho com crianças estarei também atingindo a criança que vive no interior (ainda que ínfimo) de homens e mulheres... sensibiliza-me seu poema “O meu menino Jesus”, como aquele meio-dia de primavera fez-se em encurtamento e o poeta percorreu a eternidade exercendo Jesus Cristo e ficou sendo. O Menino o obteve! “A Criança Eterna acompanha-me sempre. A direção do meu olhar é o seu dedo apontando”. E não foi o próprio Jesus quem sentenciou pertencer o Reino dos Céus aos que são como criança?

Voltando ao livro, adentro-me em “ Quando Nietzsche chorou ” de Irvin D. Yalom, um livro interessante que ajuda a gente a compreender os tormentos de Nietzsche e suas constantes dores de cabeça: “... Eu tenho um porquê de viver e posso enfrentar qualquer como...Estou grávido aqui – deu uma pancadinha na têmpora – de livros, livros quase plenamente formados, livros que somente eu posso escrever. Ás vezes, penso em minhas dores de cabeça como dores de parto cerebrais”. Se sou grávida de livros que só eu posso escrever, que faço desses meus hóspedes se sou sua albergaria? “Meu” Manoel de Barros me dá uma idéia: "A voz de meu avô arfa. Estava com um livro debaixo dos olhos.
Vô! o livro está de cabeça pra baixo.
Estou
deslendo”.

Pronto, brincarei de desler com meus hóspedes,
Assim
amanhecendo-me
neles.




A LEITURA SUBVERTIDA EM DESLUMBRAMENTOS


Quando leio “O Tejo” poema de Alberto Caeiro, nele fico sendo despretensiosamente o rio sem nome e ainda vejo o óbvio que ninguém viu ou sentiu. Como Rubem Alves fico com dó de tanta gente Tejo que conheço, e digo com “meu” Manoel de Barros, “As coisas que não têm dimensões são muito importantes” e ainda com ele oro a Deus: “Todas as coisas apropriadas ao abandono me religam a Deus. Senhor, eu tenho orgulho do imprestável (o abandono me protege).”

“O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
O Tejo tem grandes navios
E navega nele, ainda,
( para aqueles que vêem em tudo o que lá não está),
a memória das naus.
O Tejo desce da Espanha
e o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio de minha aldeia
e para onde ele vai
e donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,

é mais livre e maior o rio da minha aldeia
Pelo Tejo vai-se para o mundo.
Para além do Tejo há a América
e a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele”.
Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)

Proclamo uma relação com os sentidos ( tato, visão, audição, paladar e olfato) no conhecer das coisas de modo que ao exercer meu cotidiano, minha sensibilidade é instigada a irradiar significados, possibilito-me a deslumbramentos, reviso minha compreensão da realidade, corrompem-se em mim os veios comuns do entendimento um substrato se aloja e instala-se uma agramaticalidade quase insana que empoema o sentido das palavras.

Por isso os poetas voltam à infância, para reaprender a errar a língua, transcender-se ao circunstancial e explodir na cara do leitor. Basta para isso se deliciar com “meu” Manoel de Barros: “Criar começa no desconhecer.”